Sol e Chuva Capítulos 4,5 e 6

– Jake!- sacudi seu ombro. Por mais que minha vontade é de deixá–lo dormir. Ele parecia tão cansado. Como Jake não se mexeu decidi sair debaixo dele devagar, colocando um travesseiro para apoiar a sua cabeça. Levantei e fui até a janela ver quem havia chegado. Eram Embry e Paul. – Só um pouquinho. – tentei não falar muito alto, mas quando me virei Jake já estava sentado na minha cama com a expressão confusa.
– Merda, acho que dormi. – ele disse confuso.
– Acha? Pelo ronco você capotou. – brinquei. Um travesseiro voou na minha cara, mas eu peguei no ar antes dele me atingir e joguei de volta, tão rápido que até eu me surpreendi.
Jacob me olhou desconfiado.
– É o Embry?- ele perguntou pegando o travesseiro e colocando na cama.
– E o Paul. – tentei não fazer uma careta.
– Vai trocar essa roupa indecente enquanto eu falo com eles. – ele mandou.
– Você não manda em mim não! – a adolescente teimosa se pronunciou. Eu tinha pavor que mandassem em mim, o que me dava vontade de fazer exatamente o contrário.
– Vai logo!- ele ordenou novamente. - Eles não vão entrar enquanto você tiver com essa roupa.
– Ah! Que eu saiba, eu queria trocar de roupa muito antes de você chegar e foi VOCÊ que não deixou.- cruzei os braços, teimosa.
– Eu sei, mas eu ver as tuas pernas não tem problema. - mais hein?
– Vai te fuder Jacob!
– Eita, boca–suja!
– Vai dizer que a sua namorada não fala palavrão nem usa roupas curtas?
– Ela não é minha namorada!- ele respondeu emburrado. - E realmente ela não faz esse tipo de coisa.
Perdi a pose. Claro que ela não faria. Como Jacob poderia amá-la se ela não fosse perfeita. A garota perfeita para o garoto perfeito. Ela deveria ser linda também. Engoli o choro e me sentei na cama, eu era muito idiota mesmo. Na tinha nenhuma chance. Burra, imbecil, idiota, boca–suja. Como que eu poderia ter sonhado que ele podia me amar? A dor deu lugar para a raiva. Eu estava com muita raiva de mim. Eu poderia socar a parede de tanta raiva. Vários pontos vermelhos começaram a aparecer nas minhas vistas. Foi quando eu notei que a cama tremia. O que é isso? Olhei pra baixo e vi que quem tremia não era a cama, e sim eu. Minhas mãos tremiam mais ainda. Eu as olhava espantada. Que tipo de reação é essa?
Sem nem saber como, Jacob já estava sentado ao meu lado me abraçando, me levantou da cama e me colocou sentada em seu colo.
–Shhhh, . Calma! Você tem que se acalmar!- ele passava uma das mãos nas minhas costas. – Shhhhh!- ele sussurrava em meu ouvido.
Me acalmar? Mas como eu iria me acalmar com a boca dele tão perto? Seu hálito quente queimando meu rosto, suas mãos segurando meu corpo. Minha pele se arrepiando com o toque da sua pele quente. Eu já não raciocinava mais, já não tinha mais controle. Então eu virei o rosto devagar com medo que ele se afastasse. Mas ele não o fez. Seu hálito doce acertou meu rosto. Ele me encarava surpreso. Sua respiração acelerada, assim como a minha. Jacob baixou os olhos e fitou minha boca, meu coração acelerou mais e eu senti seus lábios encostarem-se aos meus.
Sem pensar minhas mãos foram para sua nuca, puxando Jacob mais pra mim. Ele intensificou o beijo forçando minha boca para que sua língua a invadisse. Ele me beijava com força, me deixando completamente sem ar. Uma das suas mãos subiu pela minha perna parando na minha bunda. A outra apoiava minhas costas. Então ele me virou me deitando na cama e se debruçando sobre mim. Sem quebrar o beijo eu subi minha perna enlaçando sua cintura. Ele me apertou mais contra o corpo dele, se isso era possível. Mas nós precisávamos de ar, então a boca de Jake desceu pelo meu queixo, deixando um rastro de fogo por onde passava. Ele mordia e lambia meu pescoço. E eu arranhava suas costas. Mas então ele parou, o que me fez congelar. Meus olhos estavam fechados e eu só sentia as nossas respirações ofegantes.
Eu tinha medo de abrir os olhos, medo de ser rejeitada. Ah isso iria doer! Jacob foi me soltando devagar, o que me obrigou a encará-lo. Abri os olhos devagar e pude ver pela sua expressão que meus medos estavam certos. Ele me encarava confuso. Me desvencilhei dos braços dele e sentei na cama, abraçando minhas pernas.
– !- Não, não, não diga que sente muito! Isso vai doer demais. - Eu sinto muito! Não devia ter feito isso. - Outch!
– Jacob. Sai.- falei com os olhos fechados tentando parar as lágrimas.
– Me perdoa?
– Sai.- serrei os dentes para evitar o grito de dor que se formava na minha garganta.
– Eu sou um idiota. Só queria que você se acalmasse!- What?
Olhei em volta procurando algo que pudesse quebrar na cabeça dele, mas o único objeto mais perto era meu violão. Isso eu não poderia fazer.
– Sai. Agora. SAI. –minhas mãos já começavam a tremer novamente.
– Estou indo. - ele disse se levantando e indo em direção a janela.
– Qual é o problema com a merda da porta?- gritei, mas ele já havia pulado.
Aproveitei que ele havia saído e corri para o banheiro. Me encostei na porta fechada e deslizei até o chão, pegando uma toalha pelo caminho para colocar na boca e abafar o grito de dor.Só uma coisa passava pela minha cabeça, brilhando como uma placa em neon: REJEIÇÃO. O que me causava mais dor. Coloquei mais uma vez a toalha na boca. Não queria que ninguém escutasse o meu desespero, mas naquela hora não havia mais ninguém pra escutar. Eu estava sozinha. Sozinha como sempre.
Me levantei com dificuldade e abri a torneira, deixando a água encher a banheira. Ele tinha razão eu tinha que me acalmar, minhas mãos ainda tremiam. Respirei fundo algumas vezes e tirei a roupa, entrando na água em seguida. As lágrimas ainda não haviam parado. Me afundei dentro da banheira ficando só com o rosto pra fora. Mesmo dentro d’água eu pude ouvir a porta da entrada se abrindo. Três pessoas entraram. Estranhei em como minha audição havia melhorado, talvez a acústica da casa fosse boa.
– Mais o que você fez?- a voz abafada de Embry chegou até meus ouvidos. Levantei um pouco para tentar ouvir melhor.
– Fiz burrada!- Jacob respondeu. Me arrependi na hora da minha curiosidade. Ele descreveu nosso beijo como burrada.
– Eu não consigo entender o porquê de tanta frescura, deixa acontecer e pronto.
– Cala boca, Paul!- Jacob parecia irritado. Mas acontecer o que?
– Mas o que você fez Jake?- Embry insistiu.
– Eu a beijei. - Jacob respondeu.
– Ah não, cara! Você não vai começar a beijar cada vez que um de nós ameaçarmos a perder o controle. – Paul provocou rindo.
– CALA BOCA PAUL!- Embry e Jake disseram juntos.
Eu não estava entendendo nada.
– Faz alguma coisa de útil, vai avisar Sam. -disse Jake. Sam? Mas o que Sam tem haver com isso?
Ouvi a porta batendo e ao passos de Paul se afastando da casa.
– Como ela reagiu?- Embry perguntou.
– Acho que ela não gostou. Ela me correu do quarto não foi?- Credo, como homem é bicho burro! Sacudi a cabeça inconformada.
– Tem certeza?- Embry perguntou incrédulo.
– Não sei! Não sei o que me deu!
– Tem certeza que beijar a já não estava passando na sua cabeça antes?- Embry perguntou.
Tentei prestar mais atenção, mas a resposta não veio em palavras. Mas que diabos! Será que ele não podia pelo menos falar o que sentia em voz alta? Logo essa que eu queria tanto saber!
– Que droga, Jake! – disse Embry.
– Nem me fale!
– Acho que vai ser logo! – Embry disse desanimado. Jacob não respondeu.
Terminei meu banho e levantei da banheira. Eu realmente não sabia se estava pronta pra desistir de Jacob. Ele realmente não tinha idéia do que eu sentia por ele. Isso me deu um pouquinho de esperança. E aquele beijo! OMG! O que foi aquilo? Ri por dentro. Alguma coisa existia entre nós. E não era uma simples amizade.
Mas primeiro eu queria saber o que estava acontecendo, nem que eu tivesse que tirar isso deles sob tortura. Coloquei o primeiro vestido que achei no meio da bagunça que estava meu quarto e penteei os cabelos. Desci bem devagar as escadas e respirei fundo antes de entrar na sala.
– Oi! – Embry se levantou e veio ao meu encontro.
– Oi!- respondi tentando sorrir um pouco. Jacob me olhava angustiado. – Vão almoçar comigo? – perguntei olhando para Embry e depois para Jacob. Eles se olharam por um instante e Jacob balançou a cabeça concordando.
– Sim. – Embry respondeu. – Como você está?- ele emendou.
– Bem. – respondi sem encará-lo, eu sabia que nunca iria conseguir enganar Embry. Ele entrou na cozinha atrás de mim abrindo um armário e pegando um pacote de Doritos de dentro dele. Incrível como ele sabia do lugar das coisas daquela casa melhor que eu.
Comecei os preparativos para o almoço, decidindo fazer uma macarronada. Jacob e Embry ficaram assistindo televisão em silêncio e aquilo já estava começando a me incomodar. Parei encostada na porta e já estava pronta pra começar o interrogatório quando meu pai chegou.
– Opa! Tudo bom garotos?- John cumprimentou.
– Hey John.- eles responderam em coro.
– Tudo bom baixinha? – ele me perguntou me dando um beijo na testa e depois indo colocar os peixes no freezer.
– Pai, nós precisamos conversar! – eu disse. John me olhou desconfiado e depois encarou os garotos. – Mas primeiro vamos almoçar.- falei despejando o macarrão em uma enorme travessa. John parecia tenso e os garotos também.
Depois que eu terminei de almoçar cruzei meus braços esperando pacientemente que os três terminassem. O que era algo que parecia que iria demorar horas pelo jeito que comiam.
– Bem, qual dos três vai ser o primeiro a me explicar o que está acontecendo aqui?- falei o mais calmamente que consegui, depois que terminei de lavar a louça. Eles se encaravam sem saber o que dizer. – Vamos, estou esperando! – cruzei os braços no peito.
- Filha, acho melhor esperar o Sam!
– Esperar Sam pra que? O que Sam tem haver com isso?- comecei a sentir minhas mãos tremendo novamente e respirei fundo para me acalmar..
– Só ele pode te dizer. – Jacob falou. Nesse momento ouvimos o chamado de Sam vindo do quintal.
– Então vou perguntar diretamente a ele!- falei saindo porta a fora com os três no meu encalço. Eu tentava a todo custo controlar minha raiva e os meus tremores, mas não estava tendo resultados. – Sam? – falei parando em sua frente o encarando e cruzando os braços para confrontá-lo. Embry e Paul estavam atrás dele e me encaravam surpresos.
– Oi !- ele respondeu calmamente.
– Pode me explicar o que está acontecendo aqui?- fechei os olhos. Agora não só minhas mãos tremiam, mas praticamente todo o corpo.
– Isso é uma coisa que você tem que descobrir sozinha, porque ninguém vai te falar nada. – ele me respondeu calmamente, mas mesmo assim com um tom de provocação. Parecia que ele queria me deixar mais furiosa.
– O que?- eu nunca havia sentindo tanta raiva na minha vida.
Sam e os outros se afastavam de mim me dando espaço, mas que queria arrancar a cabeça de alguém. Dei um passo em direção a eles, mas nesse momento todo meu corpo pareceu se projetar pra frente em um espasmo. Vi Sam e os outros se afastando mais ainda, sem tirar os olhos de mim e depois não vi mais nada. Uma onda de calor queimou minha espinha e eu não já conseguia respirar direito. Puxei o ar assustada, foi quando eu senti meu corpo expandir. Quando eu aspirei novamente, tentando recuperar o fôlego percebi que meus pulmões estavam muito maiores que antes porque uma quantidade de ar absurda entrou pelo meu nariz. Eu deveria estar caída, já que havia sido projetada pra frente, mas eu estava muito mais alta que antes. Sacudi a cabeça confusa, tentando clarear meus pensamentos. Foi quando percebi que eu estava completamente diferente. Eu tinha pêlos. Olhei minhas mãos, onde elas deveriam estar apoiadas no chão, já que eu havia caído, mas elas não estavam mais lá. Eram patas enormes e peludas com um tom cinza prat
a, que estavam no lugar.
MAS QUE MERDA TODA É ESSA?
, calma!
Olhei em volta pra ver de onde a voz de Sam vinha, mas ele não estava mais lá. No lugar de Sam estava um imenso lobo negro. O que me fez dar um pulo pra trás.
Calma, está tudo bem.
A voz de Sam novamente, mas eu notei que não vinha dele e sim de dentro da minha cabeça.
Ótimo, enlouqueci
Não , você não enlouqueceu
Jacob?
Sim
Você não é a única maluca aqui
Paul?
Aos poucos mais quatro lobos apareceram ao mau redor.
Mas alguém pode me dizer que merda toda é essa?
Você tem razão, Jake. Ela é boca suja
Cala boca Paul
Embry?
Fiquem todos quietos. A voz de Sam ecoou o que me fez calar a boca instantaneamente junto com os outros.
Sam continuou Você se lembra das lendas do nosso povo?
Forcei a minha memória do tempo de criança. Foi então que a ficha caiu.
Não me diz que é tudo verdade
Não preciso dizer nada, está tudo na sua frente.
Eu não acredito nisso. Sacudi a minha enorme cabeça. Mas porque comigo?
Bom, isso nós não sabemos com certeza. Depende da genética que você recebe de seus antepassados, no seu caso do seu pai.
Meu pai! Passei os olhos em volta a procura da figura do meu pai. John estava um pouco distante, me olhando com uma expressão orgulhosa no olhar. Orgulhoso?
Sim , ser um do bando é um orgulho pra nós
Você lê todos os meus pensamentos?
Sim, compartilhar os pensamentos é uma das nossas características
Que ótimo! Exclamei irônica o que fez os outros garotos rirem. Que mais?
Primeiro você tem que voltar a sua forma original, não se preocupe que você aprende rápido. É só se concentrar e deixar acontecer. Mas primeiro nós vamos lhe dar privacidade. As roupas se rasgam na transformação.
Mas que maravilha, eu amava aquele vestido
Pois é, por isso você tem que aprender a se controlar
Ok olhei em volta procurando algum bom lugar e caminhei pra trás da casa. Assim poderia entrar pela cozinha e subir correndo para o meu quarto.
Que humilhante
Ouvi os garotos rirem. E assim eu fiz. Deixei o fogo descer por minha coluna e em um instante eu estava de novo na minha forma original. Só que nua.
Entrei em casa correndo e troquei de roupa, colocando um short jeans e uma camiseta branca. Não queria perder mais nenhuma roupa que eu gostasse. Calcei meus tênis e desci.
Sam e os meninos conversavam em suas formas humanas novamente. Junto a eles estavam mais Quil, Seth e Leah. Leah?
–Você esta bem? –Meu pai veio em minha direção, chamando a atenção dos garotos pra mim.
– Um pouco confusa, mas estou bem. - respondi.
– Nós vamos lhe explicar tudo. - Sam respondeu.
–Vamos entrar?- convidou John.
(N/A as palavras em itálico são pensamentos)
Esperei todos entrarem, os garotos foram direto para a cozinha e começaram a abrir os armários e a pegarem pacotes de biscoitos e salgadinhos e se servindo de suco da geladeira. Só eu, John, Sam e Embry ficamos na sala, Jacob se encostou na parede. Então me sentei ao lado de Embry no chão. Meu pai e Sam estavam no sofá a minha frente. Eu evitava olhar diretamente para Jacob parado na porta, mas tinha pleno conhecimento que seus olhos estavam em mim. Eu fixei meus olhos em meu pai e em seu sorriso bobo. Só meu pai pra ficar feliz com toda essa loucura.
- , o que você se lembra das lendas do nosso povo? -meu pai me perguntou.
- Me lembro das historias que o Sr me contava. De o nosso povo ser descendente direto dos lobos.
- Mais alguma coisa ? – perguntou Sam.
- Que os guerreiros lobos defendiam nossas terras dos Frios. - Sam e meu pai balançavam a cabeça afirmativamente. – Espera um pouquinho, os Frios são vampiros!!!
- Sim!- meu pai concordou.
- Então existem vampiros em Forks? – aquele minha pergunta parecia absurda.
- Não só em Forks. – Sam respondeu. Olhei em volta, pro rosto, de cada um esperando a hora que um deles dissesse: “Brincadeirinha!” Mas todos continuavam sérios. Inclusive Jacob que agora fitava os próprios pés.
- Vampiros em Forks. - falei em voz alta tentando digerir a informação.
- Existe uma família deles que mora em Forks. – Embry falou.
- Mora? O que, tem algum castelo em Forks? – alguns garotos riram da minha pergunta idiota.
- Isso é coisa de cinema.- Embry respondeu sorrindo enquanto pegava minha mão e entrelaçava nossos dedos. Eu tinha muita coisa na cabeça pra me opor a isso.
- Essa família é diferente dos demais, eles não se alimentam de sangue humano e sim de animal. – meu pai falou.
- Espera um pouco, então aquela historia do grupo de Frios que fizeram um tratado...
- Isso filha! Você prestou atenção quando eu te contei.- John disse orgulhoso.
- Sim pai, você repetiu essa história umas mil vezes, não tinha como não gravar. Mas então existe outra família como aquela?
- Eles são os mesmos. – disse Sam. – Voltaram pra cá a uns dois anos.
- Interessante, vampiros com consciência social!- falei irônica.
- Esse é o nosso trabalho, defender nosso povo dos vampiros. Mas tem os bônus também. – Sam continuou. Sam falava aos poucos me observando, como se esperasse a hora que eu fosse surtar. Na verdade até eu estava estranhando o fato de aceitar toda essa historia tão bem.
- E quais são eles? – perguntei interessada, porque até agora pra mim só havia coisas ruins, como virar um monstro peludo, ter que lutar com vampiros até a morte e o pior, ter que dividir meus mais secretos pensamentos com um monte de garotos adolescentes, incluindo Jacob.
- Tem a velocidade, a resistência, a cicatrização rápida... – Embry começou a enumerar. Tudo isso me parecia muito bom. - ... e o fato de você não envelhecer mais.
- O quê?- perguntei maravilhada.
- Sim, no momento em que nos transformamos nosso corpo para de envelhecer.- Sam respondeu.
- Me parece um preço justo.- falei.
-Tem mais uma coisa importante, ! Estamos no meio de uma perseguição. Uma fêmea vampiro anda rondando Forks. Ela não é como os Cullens, e a intenção dela e matar Bella Swan. - Jacob se contorceu quando Sam falou o nome de Bella.
- Swan? Filha do Charlie, amigo de papai?- Perguntei para o Sam. -Mas ela é só uma garota!- Eu me lembrava que Charlie tinha uma filha da minha idade ou um pouco mais velha. Acho até que nos apresentaram uma vez mais não tinha certeza.
- Sim. Bella... namora um Cullen.- Ela namora um vampiro?!? Pensei assustada. - E ele matou o parceiro dessa vampira que a está perseguindo. Agora ela quer vingança. - Qual era o problema dessa garota, se envolvendo com um vampiro? Então subi os olhos para Jacob e ele estava com os olhos fechados e uma expressão dolorida.
Então era ela. Era por Bella que Jacob estava apaixonado. Tive que reprimir a forte vontade de abraçá-lo e confortá-lo. – é o nosso trabalho defende-la.
- Sim. - concordei sem tirar os olhos de Jacob. Daí que vem toda a sua dor meu amor.
- Acho que por enquanto, você já tem informações suficientes pra processar. O restante nós te passamos depois.
- Ok Chefe!- fiz um sinal de escoteiro. Sam juntou as sobrancelhas, mas depois riu.
- Só Sam, . Mas sério como você está se sentindo?
Eu pensei por um instante e conclui que tirando o fato da dor de Jacob, aquilo não me incomodava mesmo.
– Estou bem. La Push sempre foi a minha casa, eu me sentia deslocada fora daqui. Agora parece que estou completa. - Todos me olhavam como se eu fosse um ET parado no meio da sala. - Sério, eu não acho ruim.
Então como por encanto o clima pesado que fazia com que os garotos ficassem estranhamente quietos se desfez e eles voltaram a conversar e brincar entre si.
- Então ta vamos dividir os grupos de patrulha. – ordenou Sam. - Paul, Embry e Seth, vocês ficam de vigia até as 22 hs. Jacob, Embry e Quil, vocês fazem das dez às seis da manhã, então é bom vocês dormirem agora. Você não tem aula de manhã, não é ? – Sam perguntou se virando para mim.
- Não eu começo só em setembro. - respondi.
- Então você faz o turno das seis ao meio dia comigo e Leah, ok?
-Ok. - respondi enquanto me despedia dos três garotos que iriam sair em patrulha. Os acompanhei até a porta ficando a centímetros de Jacob. Levantei os olhos para encará-lo e ele fez um movimento com a cabeça para que eu o seguisse.
Ele caminhou até quase o inicio da trilha comigo o seguindo a alguns passos de distância, então ele parou e se virou para me olhar. Ele me encarava sério e eu já sabia o que ele queria falar.
- , eu queria...
- Para com isso, Jake! Chega de pedir desculpas. Eu também estava lá e caso não tenha reparado, eu participei também. Você não fez nada que eu não quisesse. – Muito! Acrescentei em pensamento. – Então se você me pedir desculpas eu tenho que te pedir também. E eu não acho que foi ruim para ter que te pedir desculpas. – falei em um fio de voz.
- Não disse que achei ruim. – ele disse levantando meu rosto com a mão para que eu o encarasse. – Muito pelo contrario! – Meu coração acelerou se enchendo de esperanças.
– Mas... – Mas, tinha que ter um mas. Torci os lábios em descontentamento, esperando novamente pela rejeição. – não é certo, . Eu não...
- Jake, Jake! Ok, eu entendi! – o interrompi antes que ele dissesse que não me amava que amava a Bella, e blábláblá. Saber era uma coisa, agora ouvir da boca dele seria mil vezes pior.
- Como você está com relação a ser uma loba? – ele me perguntou mudando de assunto de repente.
- Eu estou bem! Pra quem chegou a pensar que estava com alguma doença tropical sem cura, até que foi ótimo. – respondi dando de ombros, mas ele fechou a cara. – Você não gostou que eu fosse uma loba?
- Não. – ele respondeu seco.
Outch! – Olha Jake, você não precisa se incomodar com isso eu não vou ficar no seu pé nem nada.– me defendi.
- Não é isso! É perigoso! É muito arriscado, você pode se machucar!
- Eu sou forte! Sou uma loba! – sorri tentando animá-lo.
- É eu sei! – ele disse desanimado.
- Só me confirma uma coisa! É a Bella, não é?- agora era minha vez de mudar de assunto.
- Você percebeu. – ele falou cabisbaixo.
- É, de vez enquando até eu me surpreendo com a minha inteligência. – brinquei tentando deixar o clima mais leve. Ele riu mais parecia cansado. – Você tem que dormir! – mudei de assunto novamente.
- Me acompanha até em casa? – ele perguntou pegando minha mão. Entrelacei nosso dedos.
- Claro!- eu ainda estava curiosa, tinha que arrancar o máximo de informação possível para saber quais eram minhas chances. – Vocês se vêem muito?- perguntei enquanto caminhávamos pela trilha que dava na casa de Billy. Jacob uniu as sobrancelhas, antes de me responder.
- Agora não mais. – ele respondeu voltando o olhar para o chão. Ponto pra mim! Pensei. Nós andávamos a passos lentos, como se para prolongar o tempo juntos. – Ela ainda me telefona, mas eu não estou atendendo as suas ligações. - Cadela! Ponto pra ela! Ela ainda se faz presente.
- E você pretende voltar a falar com ela?- perguntei com medo da resposta.
- Eu acho que ainda não estou pronto pra desistir dela, ! – Merda! Dez pontos pra ela! Fechei os olhos para reprimir a dor. – Chegamos! – ele me disse apontando para uma casinha vermelha.
- Então tá! Durma bem!- falei dando meia volta, mas como Jacob não havia largado minha mão, fez com que eu voltasse num tranco e me chocasse com ele. No mesmo momento ele passou a outra mão pela minha cintura. As minhas estavam no seu peito.
- Não vai nem falar com Billy? Ele vai ficar chateado! – ele me disse a centímetros do meu rosto. Eu pisquei várias vezes tentando me concentrar novamente.
- Ok. – respondi baixinho, ainda deslumbrada com a nossa proximidade. Ele sorriu e me puxou varanda acima ainda segurando minha mão.
- Olá crianças! – Billy saudou assim que passamos pela porta. Ele baixou os olhos para nossas mãos juntas e abriu um sorriso que parecia que ia rasgar suas bochechas. Jacob percebeu, porque largou a minha mão no mesmo instante.
- Olá tio Billy!- Lhe dei um abraço.- Só vim dar um oi, porque esse menino precisa dormir. – apontei para Jacob. Billy sorria.
- Então aconteceu, ?- ele perguntou se referindo a minha transformação.Eu assenti. – Mas que maravilha! – ele parecia orgulhoso que nem meu pai. Jacob bufou.
- Ok! Agora eu vou. – falei indo para porta.
- Mas prometa que volta logo!- Billy disse.
- Claro, pode deixar!- respondi já saindo.
- Espere! – Jacob me alcançou na varanda.- Eu posso te buscar na loja do seu pai, no final do seu turno de trabalho, amanhã a tarde? É para te levar para fazer a tatuagem. – ele apontou seu ombro direito.
Ahn! Então era isso que a tatoo significava!
- Outra tatuagem? Ok.
- Como assim outra? Você já tem uma tatuagem? – ele perguntou curioso.
Só que agora eu iria aproveitar para provocá-lo.
- Sim tenho. Só que é em um lugar que não pega sol. – falei em um tom inocente, tentando segurar o riso da cara que ele fez. – Estou brincando, é quase em um lugar que não pega sol.
Ele baixou os olhos parando em lugares estratégicos.
- Hey! – reclamei cruzando as mãos no peito, rezando para que ele não notasse as minhas bochechas coradas.
- Desculpe! – ele disse. – Só estava imaginando onde...
Se ele pensa que sairia ganhando estava enganado, esse era um jogo que dois poderiam jogar.
- Se você merecer, um dia te mostro. – provoquei já me afastando para ir pra casa.
- Vai sair sem me dar um beijo? – ele me perguntou com um sorriso sacana. Claro que ele não iria me deixar ganhar.
Me aproximei devagar e me esticando na ponta dos pés, ficando a centímetros do rosto dele. Seu hálito quente batendo no meu rosto. Sorri e beijei o canto dos seus lábios, girei nos calcanhares e corri para casa.
Mas o que eu queria era que Jacob me segurasse ou me seguisse, mas ele não fez nenhum dos dois, o que me deixou profundamente irritada e frustrada.
Eu corri o curto caminho da casa de Jacob até a minha. Parando só quando a trilha se abriu para o gramado do meu quintal. Realmente eu estava muito mais rápida. Não via a hora de me transformar e poder testar tudo o que eu podia fazer. Levantei os olhos e avistei Embry sentado nos degraus da varanda. Ele sorria.
- Olá! Esperando alguém? – perguntei já sabendo a resposta.
- Sim. Me disseram que tem uma loba linda que mora. Decidi verificar. – ele disse se aproximando mais. Isso iria ser difícil.
- Acho que te enganaram. A loba que mora aqui é até bem esquisitinha. – falei fazendo charme. Não vou mentir dizendo que Embry não mexia comigo, mas só porque fazia bem pra minha auto-estima alguém me elogiando de vez enquando, mesmo não sendo a pessoa que meu coração pedia.
- Acho que você está muito enganada. – Embry se aproximou mais e colocou as mãos na lateral da minha cintura.
Ok, agora está indo longe demais. Sorri e me desvencilhei dele o mais sutilmente que consegui. – Embry você não tem que descansar? – perguntei dando um passo para trás.
- Não, eu estou bem.
- Tudo bem, mas eu tenho uma coisa muito importante pra fazer agora. – falei e subi os degraus já colocando a mão na maçaneta da porta.
- Coisa muito importante? Não vai precisar de ajuda?- ele perguntou.
- Até que não é uma má idéia ter ajuda de um homem forte. Vem? – puxei ele pela mão e fui entrando em casa. – Olá pai! – cumprimentei meu pai, que estava sentado em uma das poltronas da sala, ao passar por ele rebocando Embry.
-Olá Sr. Raindrop!- Embry o cumprimentou já subindo as escadas atrás de mim. Meu pai só baixou o jornal nos olhando confuso, mas eu sabia que não iria demorar para ele ir atrás de nós.
Abri a porta do meu quarto e me encostei nela para deixar que Embry tivesse uma visão geral do estado lastimável da peça. Havia roupas espalhadas, as malas abertas jogadas pelo chão. – Ainda bem que você se prontificou a me ajudar com essa bagunça, Em! – falei para ele com a voz manhosa.
Embry coçou a nuca e eu tive a certeza que se ele soubesse pra que tinha sido convocado daria uma desculpa para fugir do serviço. O que me fez rir.
Um tempo depois, Embry já estava jogado na minha cama, enquanto eu guardava a última pilha de roupas no armário. Na verdade eu já havia o dispensado do serviço, pois umas três vezes ele pegou uma das minhas calcinhas e ficou olhando pra elas sem saber o que fazer com a peça, me matando de vergonha por ter Embry com uma roupa intima minha nas mãos. Mesmo eu dizendo que as roupas intimas eu guardava. A última gota foi ele pegar meu sutiã preto preferido e colocar na cabeça. Depois dessa, ele perdeu o posto de vez e agora só observava.
- Você reagiu muito bem ao fato de ser uma lobisomem. - ele disse pegando meu violão e dedilhando, coisa que me fez olhar feio pra ele, já que eu morria de ciúmes do Kurt (nome do meu violão ^^).
- Eu sempre fui esquisita, agora tenho uma desculpa plausível. – falei e ele riu. – Sério, eu realmente gostei de saber que tenho tanto do meu pai.
- Mas me conta o que você fazia no Brasil... como era mesmo o nome da cidade?
- Porto Alegre. – respondi me sentando na cama ao lado dele.
- Isso, Porto Alegre.
Quase cai da cama, rindo do jeito que ele falou o nome da cidade, cheguei a ficar com falta de ar. O que me fez ganhar várias travesseiradas de Embry. – Desculpe Em, mas ficou muito bonitinho o jeito que você disse Porto Alegre.
- Bonitinho? Sei! – ele disse fazendo bico.
- Ok, vou responder sua pergunta. Eu fazia coisas normais, ia a aula, a festas, jogava futebol...
-FOOTBALL!
- Não football americano, futebol, Soccer.
- Ah! Interessante. – ele sorriu.
- Tenho um presente pra você. – me levantei e peguei uma caixa dentro do armário e tirei uma camiseta da seleção de dentro e atirei pra ele. (N/A homenagem ao fracasso na copa. =[). Ele vestiu na hora, o que me fez fazer uma careta já que não era essa minha intenção. – Gostou?- perguntei.
- Muito! – ele disse sorrindo. – Mas eu quero ver você jogando!
- Sem problemas, é só marcar. – eu adorava jogar e sabia que não ia fazer feio.
- Já esta tarde. – ele disse olhando para fora, onde a escuridão já estava tomando conta.
- Você já vai? – perguntei.
- Você quer que eu vá? – eu tinha certeza, pelo tom de voz dele, que essa pergunta era ambígua.
- Embry, eu...
- , eu sei que você ama o Jake! Eu sempre soube. Eu também sei que um dia ele pode deixar de ser cego e realmente olhar para esses olhos azuis e ver que garota linda e maravilhosa está deixando para trás. Mas isso também pode não acontecer. - Engoli em seco. Aquilo realmente era verdade. Jacob poderia nunca me amar. Uma lágrima desceu pelo meu olho. – Não chore! – Embry disse secando a lágrima com a mão. – Não falei isso pra te magoar, eu só queria que você soubesse que, enquanto você me quiser, eu estarei por perto.
- Embry, não é certo! Você merece coisa melhor! – E lá estava eu repetindo as palavras de Jacob, que me machucaram tanto.
- Não se preocupe comigo, . Eu sei me cuidar. Mas agora eu tenho que ir. – ele disse se levantando.
Me levantei também e o acompanhei até a porta. Meu pai dormia no sofá. – Então até ,,,
- Amanhã? – ele perguntou.
- Não, Em. Amanhã Jacob vai me levar para fazer tatuagem e terça vou a Port Angeles tentar colocar internet no meu note. Sabe, telefonemas para o Brasil estão muito caros.
- Eu não vou te deixar ir a Port Angeles sozinha. Eu vou com você.
- Em, não precisa. Eu acho que eu tenho a capacidade de achar o caminho fácil.
- Claro que sim, mas vai ser mais fácil se eu estiver junto. – ele sorriu e depois me deu um beijo na testa.
Eu teria que dar um jeito de não trans formar aquilo em um encontro, quem sabe convidando algum dos garotos para ir junto. - Boa noite!
- Boa noite, !
-Pai! – perguntei enquanto jantávamos. – Então foi por isso minha mãe me mandou pra cá daquele jeito?- Ele assentiu somente sacudindo a cabeça, enquanto mastigava- E por isso ela foi embora?
Meu pai soltou o garfo e me olhou seriamente. - Tem pessoas que não conseguem lidar bem com isso. Sua mãe é uma delas. – meu pai disse com tristeza.
- Own, pai! – ergui meu braço para colocar minha mão o seu braço tentando confortá-lo. Ele retribuiu o carinho colocando a sua mão em cima da minha.
- Já faz muito tempo, filha.
Agora eu conseguia entender alguns fatos da minha vida. Como o motivo de minha mãe ter ido embora e me levado com ela. E porque ela sempre tinha uma desculpa para não me deixar voltar.