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Twilight- fanfics interativas

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Sol e Chuva Capitulo 1, 2 e 3

09-10-2010 20:18

 

 

 



Por: Ane Halfen | Beta: Raphinha Cullen





Jacob era apenas uma pessoa eternamente feliz e carregava essa felicidade como uma aura, dividindo-a com quem quer que estivesse por perto. Como um sol na Terra, Jacob sempre aquecia quem estava em seu campo gravitacional. Era natural, fazia parte de sua personalidade.
(Lua Nova, pág. 125)




Capítulo 1





Eu morava com minha mãe Lilian no Brasil, apesar de ter nascido em Forks cidade de Washington, EUA. Vivi em La Push, reserva indígena de Forks, com meus pais até os 8 anos, quando eles se separaram. Meu pai, John ficou, já que ele é uma das autoridades de lá e eu e minha mãe viemos morar com a família dela no Brasil, em Porto Alegre. Então, sou praticamente uma gaúcha já que moro aqui há nove anos.



Mas meu sonho mesmo era voltar a morar com meu pai. Não porque eu não ame minha mãe, amo demais e esse é um dos motivos de eu nunca ter verbalizado os meus desejos. Na verdade, o motivo maior de eu ter essa grande vontade não tem o mesmo sobrenome que eu, Raindrop, e sim Black. Eu sou apaixonada pelo garoto Black desde que nasci. Jacob Black. Jake.



Minha mãe diz que a primeira palavra que falei foi Jake. Então imagine a vergonha, já que meus pais insistiam em relembrar essa história sempre que nossas famílias se reuniam, e eu sempre ficava corada. Não sei por que os pais acham bonitinho relembrar as histórias constrangedoras das nossas vidas. Jacob sempre ria nessas horas e segurava minha mão me confortando. Mesmo sendo tão criança eu me derretia toda. E mais risadas os adultos soltavam, me deixando mais vermelha ainda.



Fazia nove anos que eu não via Jacob, a última lembrança dele que tenho foi ele correndo atrás do carro em que eu estava sendo levada embora a força, pela minha mãe. E eu chorava desesperada por deixar o amor da minha vida pra trás. Mas nada disso fez minha mãe mudar de idéia. Qual adulto dá bola para uma paixonite de criança? “Vai passar. Você vai esquecer logo.” Ela me dizia enquanto eu me desmanchava em lágrimas. Mas nove anos se passaram e eu não esqueci.




Nunca mais voltei para os EUA, apesar de falar com meu pai toda a semana pelo telefone. Passagens aéreas são caras, e nenhum dos dois tinha dinheiro suficiente para isso. Então nunca mais vi Jacob. Às vezes tenho noticias dele pelo meu pai, mas são poucas, já que não tenho coragem de perguntar por ele. Tenho que esperar que meu pai fale por vontade própria.



E talvez eu nunca mais tenha uma chance, já que estou morrendo. Tá posso estar exagerando, mas fazem 30 dias que tenho febre de 40 graus que não baixa, desde o dia do meu aniversário de 17 anos. Já fiz todos os exames, aproveitando que meu novo padrasto é médico, mas não descobriram qual é meu problema. Eu não sinto nada, a não ser meu humor que não anda lá muito bom, estou um pouco estourada, mas fora isso estou me sentindo bem. Bem demais inclusive.



“– ! !”- os berros de minha mãe me tiraram dos meus devaneios.



“– Que é?”- berrei de volta, já sentindo a minha irritação diária tomar conta. Pra que toda essa gritaria. “– Que é, mãe?”





“– , arrume já as suas malas!”



“–Por quê?” – perguntei espantada pelo jeito nervoso que ela abria as portas do meu armário e tirava minhas roupas de dentro. –Pra onde eu vou mãe?



Ela parou e segurando meus ombros com lagrimas nos olhos, disse: – Você vai morar com seu pai!



“– O que?”- não sabia se ria ou se chorava.- “Porque agora?”- era isso eu estava morrendo de alguma doença tropical e ela queria que eu passasse meus últimos dias com meu pai.- “É por causa da minha doença?”- perguntei num fio de voz.



“– Você não está doente!”- ela afirmou, relaxando os ombros. – “Acabei de falar com seu pai, ele disse que isso é... normal para uma criança Quileute.”





O jeito que ela disse normal me deixou desconfiada. – “Mas eu nem sou uma Quileute? Meu pai é, mas eu não. Eu me pareço com a Sra, mãe.”



Eu não tinha nenhuma característica do meu pai. Eu era a cópia exata da minha mãe. Olhos azuis, pele branca demais pro meu gosto e cabelos castanhos.



“– Mas você tem sangue do seu pai, mais do que imaginávamos, inclusive.”



Eu não estava entendendo nada.



“–Mas mãe...”





“–Vamos, , não temos tempo a perder. Seu pai te explica melhor quando você chegar lá. Seus documentos estão prontos, e seu avião sai em duas horas.”




“– O que? Mas mãe e o colégio?”



“– Seu pai já está tratando de sua transferência. Vamos , vá tomar um banho e trocar de roupa.”



Não conseguia acreditar, eu ia ver Jacob!





Meu coração parecia que ia explodir dentro do peito. Eu praticamente quicava na poltrona do avião e voava pelos aeroportos em cada escala que tinha que fazer. Porto Alegre– Guarulhos, Guarulhos– Chicago, Chicago– Seattle e Seattle – Port Angeles. Na última escala, eu estava exausta foram mais de 24horas entre aviões e aeroportos.



Quando cheguei ao pequeno aeroporto de Port Angeles, meu sorriso parecia que não iria caber no meu rosto. Peguei minhas malas que estranhamente apesar de serem grandes, não estavam tão pesadas assim e coloquei em um carrinho de bagagens.




Na saída do portão de desembarque avistei meu pai, ele estava mais envelhecido do que pensei, mas continuava charmoso como sempre. Quando me viu sorriu mais, mostrando as rugas que já marcavam seu rosto.



“– Little ! (Pequena !)”- ele gritou e eu não pude deixar de sorrir. Apesar de não ver meu pai há tanto tempo, o amor que sentia por ele era enorme. Nós sempre trocávamos fotos e cartas. Tentei por um tempo incentivá-lo a trocarmos e–mails, mas sua aversão a informática não acabou com meus planos.





“–Do not call me that, daddy! only, please!” (Não me chame assim, pai! Somente , por favor!)– exclamei sem conter o enorme sorriso que se abriu em meu rosto. E o abracei.




(A partir de agora imaginem todos os diálogos em inglês.)



John soltou uma gargalhada e girou me colocando de frente a um homem alto, ainda jovem. – Você se lembra de Sam? – ele perguntou apontando ao rapaz. Eu estreitei os olhos, me concentrando pra tentar me lembrar daquele nome.



“–Sam?”- repeti, ainda tentando me lembrar.



“–Ela não deve se lembrar, John, já faz muito tempo e ela era muito pequena. Tudo bem, ? Como foi a viagem?”- ele disse me estendendo a mão.




“– Foi boa, Sam.”- respondi sorrindo. Ele era bem simpático, apesar de aparentar ser sério.




“– Talvez você se lembre de alguns dos garotos de sua idade!”- Sam disse se virando e me fazendo notar pela primeira vez um garoto também muito alto e muito sorridente atrás dele. Por um  instante minhas pernas tremeram, e meu coração acelerou. Mas quando eu vi o sorriso do garoto percebi que não era Jacob, mas mesmo assim ele era muito bonito. – “Esse é Embry! Se lembra dele?”



“– Embry Call!” – o garoto me disse pegando a minha mão e dando um beijo. – “Ao seu dispor!”



Sam rolou os olhos, e eu não pude deixar de rir.



“– Obrigado, Embry!”- eu respondi educadamente e ele piscou pra mim.





“– Vamos?”- John perguntou lançando um olhar sério para Embry e me puxando para seus braços.




“–Se comporte!”- ouvi Sam falar rispidamente para Embry enquanto nos encaminhávamos para o estacionamento.




Eu olhava a paisagem que passava correndo pela janela do carro, tentando me concentrar em não demonstrar a ansiedade que crescia dentro de mim.



“– Muito cansada, minha filha?”- meu pai perguntou desviando os olhos da estrada. Sam e Embry estavam sentados na caçamba da velha caminhonete de John.



“–Não muito, pai!”- menti. Eu estava exausta. Mas sabia que a ansiedade não me deixaria dormir tão cedo.



“–Bom, dá tempo pra você descansar um pouco antes da festa!”




“–Festa!”- exclamei. Claro que meu pai não sabia que eu não gostava de ser o centro das atenções.




“–Sim, muitas pessoas querem rever você. Matar a saudade, coisas assim!”




Minha respiração entrecortou, será que Jacob seria uma dessas pessoas que estavam com saudades minha?



“– Eu não me lembro de muita gente, pai.” – disse voltando a admirar a paisagem. As primeiras casas de Forks já apareciam.



“–De quem você se lembra?”




Rá, ele chegou onde eu queria. Mas eu não podia falar de Jacob assim de cara tinha que enrolar um pouquinho. – “Me lembro das gêmeas Black.”- falei o mais distraidamente possível, não era exatamente delas que me lembrava mais.




“– Ah! Rachel e Rebecca! Mas elas não moram mais em La Push.”



“– Não moram mais?”- não consegui disfarçar o interesse a tempo. Será que Jacob também não morava mais lá?




“– Não, Rebecca se casou e mora no Havaí e Rachel está na faculdade e quase não vem pra casa de Billy! Mas estranho você se lembrar delas, já que elas eram mais velhas que você. Achei que você se lembrava mais de Jacob!”- John disse me encarando com um olhar estranho.



“– É também me lembro.”- falei voltando a olhar para fora. Como se não desse importância, mas por dentro estava morrendo de curiosidade.





“– Era mais natural você se lembrar de Jake, já que vocês não se desgrudavam quando pequenos.”



“– Eu me lembro dele, sim! Como ele está?”- perguntei sem encará–lo tentando o máximo manter minha máscara de indiferença. Mas só o nome de Jacob, já fazia meu coração se acelerar.




“–Ele está bem. Acho que ele vem na festa.”  - fechei meus olhos para conter a emoção que eu sentia. Agora que eu não conseguiria descansar mesmo.



Fizemos o retorno e entramos na estrada que levava a La Push, logo pude ouvir o barulho das ondas e olhei para o outro lado vendo as árvores que costeavam a floresta.




“– Continua tão lindo como eu me lembrava.” – suspirei. Meu pai sorriu.





“– Que bom que você está de volta.”- ele disse passando a mão no meu cabelo.



Mais alguns poucos minutos e meu pai parou em frente a uma das pequenas casas de La Push. Mas ele tinha encostado a caminhonete barulhenta e Embry e Sam já haviam saltado de caçamba.




“– Chegamos!”- gritou Embry parando ao meu lado, com seu sorriso cheio de dentes. Tentei parecer simpática e sorri também, descendo com um salto e passando pela porta do carro que ele segurava pra mim.. Olhei em volta e respirei fundo. Os cheiros da maresia misturados com o da floresta me trouxeram as lembranças de minha infância feliz de volta.



“– Toma Embry, tente ser útil.”- disse Sam com a cara fechada entregando algumas das minhas malas pra ele.



“– Deixe as malas pesadas para os homens fortes, !”- Embry disse piscando pra mim, quando me viu pegando uma das mochilas.




“– Por isso que é sempre bom ter homens fortes por perto.” – respondi tentando entrar na brincadeira.



"– Se você quiser, eu posso sempre ficar por perto."- ele falou baixo perto do meu ouvido, Isso me surpreendeu.




Não acredito que esse cara lindo está dando em cima de mim.- Pensei.



“– Vamos logo, Don Juan!”-John disse emburrado segurando a porta para que nós entrássemos.- “, você se lembra do seu quarto?”- ele me perguntou sorrindo.





“– Sim, pai!”- respondi já correndo escada acima.




A casa de John, que agora seria a minha casa, era uma das poucas que tinha dois pisos. Era simples, pintada de branco. Sala cozinha e área no andar de baixo. Dois quartos e banheiro no andar de cima. Meu quarto continuava como eu me lembrava. Uma cama de solteiro, um armário pequeno, uma escrivaninha e uma estante que antes guardava meus brinquedos e agora serviria para colocar meus livros.




Embry subiu atrás de mim com a minha bagagem, e largou as malas no chão ao lado da porta enquanto eu admirava meu antigo quarto.



“– Cansada?”- ele perguntou perto demais.



“– Um pouco.”- respondi, dando um passo pra frente, para aumentar o espaço entre nós.




“– Você ainda tem um tempo para descansar antes da festa!”- ele disse sorrindo.




Virei-me para encarar os seus lindos olhos castanhos. “– Não sei se vou conseguir dormir.”




“– Quer que eu fique com você?”- ele disse sedutoramente.




Tentei segurar o riso, quando vi meu pai na porta com cara de bravo.



“– Não, Embry. Ela tem que descansar!”- meu pai disse num tom ríspido.




“– Ok, Sr Raindrop.” – Embry disse ao girar nos calcanhares e se dirigir para porta, mas antes de sair completou olhando pra mim.-“Nos vemos mais tarde, !”- e piscou um olho.




Meu pai ainda me encarou serio, mas não conseguiu segurar o riso.




“– Vê se descansa, baixinha!”- ele disse antes de fechar a porta.




Atirei-me na cama, não podia me deixar levar pelo súbito interesse de Embry. Meu coração já tinha dono, e ainda mais agora que ele estava tão perto.






Capítulo 2





Eu estava há mais de meia hora parada, enrolada em uma toalha olhando para minhas malas abertas. O que eu vou vestir? Eu não poderia colocar nada muito chique, afinal era só uma reunião com o pessoal da aldeia na casa de John. Olhei novamente para as roupas jogadas pela cama. Mas ele estaria nela e eu queria que ele me notasse. Mas e se ele não gostasse de mim? Afinal a última vez que ele me viu eu ainda era uma criança! Toda a minha insegurança  veio a tona novamente. Me virei para olhar no espelho. Eu não era feia, mas deveria ter muitas garotas mais bonitas que eu em La Push,até me Forks.







Uma batida na porta me tirou dos meus devaneios.



filha, tá todo mundo esperando!- meu pai disse do outro lado da porta.



Todo mundo! - Gelei!- Já estou quase pronta!- menti.



–Ok! – John respondeu e eu pude ouvi–lo descer as escadas.



Bom, eu não tinha mais tempo, e eu tinha que apostar todas as fichas. Peguei um corselet preto com botões na frente, que ajudavam a dar uma melhorada no corpo e  coloquei uma calça jeans justa, uma bota sem salto. Passei lápis e rímel. Já o cabelo não tinha o que fazer. Escova, adeus você, pensei olhando pra fora e constatando que a chuva tinha parado, mas a umidade era visível em La Push. Teria que assumir os cachos de vez.







Respirei fundo e abri aporta do quarto.



–Olá!- uma senhora de traços duros, mas muito sorridente veio me cumprimentar no final da escada.- Não sei se você se lembra de mim, , sou Sue Clearwater .- ela me disse estendendo a mão e segurando a minha.



Cerrei os olhos tentando fazer força pra me lembrar, o nome não me era estranho, mas nada mais vinha na minha cabeça.- Talvez você se lembre mais dos meus filhos.- ela completou quando viu que eu não me recordava.- Seth é uns dois anos mais novo que você, e Leah é um pouco mais velha.



– Acho que deles em me lembro um pouco. –menti tentando ser educada. Ela sorriu em resposta.



– Eles estão por ai.- Sue falou fazendo um movimento circular com a mão.



– Oi!- uma moça risonha se aproximou. Ela seria linda se não tivesse a metade do rosto marcado por três cicatrizes que desciam até seu braço.



essa é Emily, minha noiva.- Sam, que estava atrás dela falou.







– Olá, Emily!- respondi.



–Mas olha só que menina linda, você tornou!- um homem risonho em uma cadeira de rodas se aproximou de nós. Esse eu não tinha como não reconhecer, o mesmo sorriso.



– Tio Billy!- respondi, não controlando o impulso de abraçá-lo.



– Mas não é que a garotinha se lembra de mim!- ele disse rindo. Eu ria também, ter Billy tão perto queria dizer que Jacob também estaria, fazia meu sonho se tornar mais real.



– Finalmente! Achei que teria que mandar um dos garotos te arrancarem daquele quarto a força! – meu pai, pouco exagerado, me fazendo ficar com vergonha.



–Não demorei tanto assim, pai!



– Sim, mas Embry não parava de perguntar por você de cinco em cinco minutos!



Vi Embry, atrás de John, sorrir envergonhado. Ainda bem que não era só eu que estava encabulada. Na verdade toda aquela atenção me deixava sem jeito.




– Valeu, John!- Embry disse irônico.



– Ué! Não é verdade?- E se virando pra Billy, John completou. - Viu como minha filha está linda, Black?



– Pai! – reclamei, eu já não estava vermelha o suficiente? Tá certo que pais sempre acham os filhos bonitos, mas não precisam ficar falando.



– Muito bonita!Ainda bem que ela puxou a mãe, John!- Billy respondeu fazendo todos rirem.



Depois de mais algumas apresentações, ou reapresentações, eu já não agüentava mais de ansiedade.



– Bom,agora vou te deixar com os meninos.- meu pai me disse praticamente me empurrando pra cima de Embry, e girando nos calcanhares foi ao encontro da mesa onde os anciões estavam.



– Oi!- Embry disse sorrindo.



– Oi! – respondi, ainda tentando não dar na vista que estava procurando por ele.




–Você está muito bonita!




– Obrigada Embry!



– Vem,vou te apresentar os garotos!- ele disse pegando minha mão e começando a me puxar na direção oposta da casa.



Meu coração acelerou, minhas pernas travaram. Garotos!



Ele deve ter percebido minha relutância, porque parou de tentar me mover e se aproximou mais, falando no meu ouvido.



– Calma, eu não vou deixar nenhum deles ser mal com você. - ele sussurrou no meu ouvido, passando a mão pela minha cintura, e depois rindo.



Se eu estivesse com plenas capacidades mentais eu acharia que esse Embry estava meio saidinho. Não porque ele não fosse bonito, nem... como direi... bem apessoado de corpo (leia–se gostoso), e nem o fato dele andar praticamente semi– nu, com todo aquele peitoral definido a mostra, mas em dias normais eu teria tentado uma saída estratégica pela esquerda. Mas naquele instante, era melhor ter alguém por perto quando eu visse Jacob depois de tanto tempo. Ou era capaz de eu fazer algo constrangedor, como desmaiar por exemplo. Embry me trazia pra realidade.




– Vamos. –ele repetiu e eu apenas assenti.





Praticamente deixei que ele me carregasse até onde os garotos estavam reunidos em volta da fogueira, perto da mesa onde Emily e Sue não paravam de colocar mais e mais comida.



Eles eram quatro e mais Sam que já havia se juntado com eles. Passei os olhos pelos seus rostos, varias e varias vezes, mas nenhum deles era ele.



, esses são Quil, Paul, Jared e Seth. – Sam apresentou.



– Pessoal, essa é a .



– Olá!- falei timidamente ainda me apoiando na enorme mão de Embry.





– Olá, !- eles disseram em coro. O que me fez rir, já que eles eram tão iguais. O que havia de errado com esses garotos Quileutes? Eles eram enormes, todos eles usavam o mesmo corte de cabelo curto. E todos eles andavam sem camisa, exibindo seus músculos. Não que isso me incomodasse.





– Mas como a brasileirinha ficou hot. – o que me parecia ser Paul, disse.



Senti Embry enrijecer ao meu lado me puxando pra trás dele, como se me protegesse.



Eu apenas ri, tentando ser simpática, mas não tinha gostado muito do tom dele.



– Obrigada!- respondi meio seca.



– Se comporte!- Sam praticamente rosnou as palavras para Paul, que acabou dando um passo pra trás. – Desculpe por isso, ! Prometo que eles vão se comportar!





– Tudo bem Sam! Não tem problema!- disse sorrindo para quebrar o clima.





Embry se sentou em um tronco e fez sinal pra que eu sentasse ao seu lado, ficando entre ele e Jared que nem tinha percebido a nossa aproximação, já que estava todo derretido conversando com uma garota.



–Caham!- Embry limpou a garganta tentando acabar com a melação dos dois, o que me fez rir.



– Ah! essa é Kim, minha namorada!- Jared apresentou a garota ao seu lado, se derretendo na palavra namorada.



– Olá, Kim!- tentei ser mais simpática possível, era bom ter amizade com uma garota no meio de tanta testosterona.



– Olá! – ela respondeu também simpática, mas logo voltando suas atenções para Jared novamente.





– Então, ...- Seth chamou minha atenção se sentando no chão à nossa frente. – Como é o Brasil?- Seth era visivelmente mais novo que o restante do grupo.





– Bom, – comecei e os outros se viraram me dando atenção.- é bem diferente daqui. Eu morava no sul do Brasil. As pessoas que moram lá são conhecidas como gaúchas.



– Você fala bem inglês, achei que você só falaria em espanhol!



– É português seu burro. – Quil ralhou com Seth, lhe dando um tapa na cabeça.- Não é ?



– Sim, é. – falei rindo.- Como eu nasci aqui, minha mãe sempre fez questão de falar inglês comigo. Assim não perderia o costume.



– E lá tem muita floresta?- Paul perguntou.




– Na verdade o Brasil tem bastante florestas, mas onde eu morava, apesar de ser uma cidade bem arborizada, não tinha florestas, era bem urbano. Não tão urbano como no sudeste dos Brasil, mas é uma cidade bem grande.



– Tipo Port Angeles?- Embry perguntou.




– Mais pra Seatlle, acredito.- um Own! de surpresa generalizado dos garotos me fez rir. – O que, vocês achavam que nós vivíamos feito Tarzan?- todos eles riram, inclusive Sam que até aquele momento só observava.



– E o que vocês comem por lá?- Seth parecia o mais interessado sobre a cultura gaúcha.



– Bom, a comida mais consumida pelo gaucho é churrasco.



– Churrasco?- ele pareceu não aprovar.



– Não é o churrasco americano, com hambúrguers e salsichas, lá churrasco vai praticamente uma vaca inteira, ou uma ovelha, a carne é assada em espetos grandes que ficam acima do fogo. Normalmente em churrasqueiras de tijolos ou mesmo em fogueiras no chão.



Então eles começaram a discutir sobre quem comeria uma vaca inteira em menor tempo, o que me fazia rir,cada vez que eles se gabavam de quanta comida cabia mais dentro de quem. Era incrível como aqueles garotos apesar de enormes, não passavam disso, de garotos. E eu me sentia bem perto deles. Mas de vez em quando meus olhos vagavam em volta, e eu tentava engolir o bolo que se formava na minha garganta. Ele não veio.





– Acho que Jacob não vem hoje. – Embry disse baixinho ao meu ouvido.



– O que?- disse espantada. Como ele sabia que eu procurava Jacob?




– Sabe, ele está com alguns problemas. – ele fez uma careta quando disse a palavra problema.




– Problemas?- não conseguia mais disfarçar minha curiosidade. Afinal eu tinha conseguido disfarçar alguma coisa hoje? Embry me mostrava que não.



– É, sabe ele é meio que apaixonado por uma garota.



Uma pontada de dor no peito me fez fechar os olhos. Reuni todo o restante da força que eu tinha para manter a minha mascara e esconder minha dor. – Ele tem namorada, é?




– Não. – ele fez outra careta.- Ela já tem namorado, só que ele não entende. É um pouco complicado de explicar. Outro dia eu te explico melhor.




– Ok!- eu já não sabia mais o que pensar, eu precisava ficar um pouco sozinha.- Embry vamos dar uma volta?



– Claro! – ele respondeu empolgado levantando do tronco, me estendeu a mão para que eu levantasse também, mas não fez menção de solta–la.



Eu não estava em condições de reclamar, na verdade que estava no piloto automático. Toda a minha inútil vida passava pela minha cabeça. Mas o que eu estava pensando esse tempo todo? Que ele ficaria me esperando,lindo e casto. Como eu podia ser tão imbecil? Eu já tinha feito algumas burradas na vida, mas dessa vez eu me superei.





?- a voz de Embry me trouxe de volta pra realidade.



–Hein?



– Perguntei se você queria beber alguma coisa?




– Ah, sim. Eu quero uma coca.




–Ok, já volto!



Eu nem vi Embry se afastando, e comecei a caminhar, imersa nos meus pensamentos.



Na verdade, Jacob não me devia nada. Ele nunca tinha feito nenhuma promessa, e mesmo que tivesse feito, do que valeria uma promessa de uma criança de oito anos? Mas nem para aparecer pra me ver, ele devia ter se esquecido totalmente de mim. Mas eu também havia me esquecido de muita gente, talvez eu só não tivesse tanta importância na vida dele como ele tinha na minha. Mas eu não o culpava. A única idiota da história era eu.




Parei de andar quando senti meus pés afundando na areia, já era tarde e o vento estava forte. Não que ele me incomodasse. Mas como eu tinha vindo parar na praia mesmo?




Caminhei mais um pouco e me sentei em um tronco esbranquiçado pela maresia. Fiquei observando a escuridão. Na verdade não estava tão escuro, eu consegui distinguir os contornos dos penhascos e das árvores, até mesmo as que estavam bem afastadas. Senti uma lágrima correndo pelo meu rosto e logo várias fizeram o mesmo caminho. Quanto tempo desperdiçado por uma ilusão romântica.




!- a voz aliviada de Embry me alcançou.- Ainda bem que eu te achei!




– E como você me achou?- perguntei sem desviar os olhos do mar.



– Eu tenho um bom faro!- ele disse divertido.



Eu ri sem humor. Mas então ele se aproximou mais.




– Você estava chorando?- perguntou preocupado.



– É que esse lugar me trás boas lembranças.- menti. Na verdade não era uma mentira, aquele lugar me trazia boas lembranças, mas não era por isso que eu chorava.




– E eu não estou em nenhuma dessas lembranças?




– Não sei! Quem sabe você me conta alguma lembrança que você tenha de mim e eu te digo se me lembro ou não.



– Ok. – ele pensou por um instante. – Uma vez eu colei chiclete no teu cabelo.




Eu arregalei os olhos. – Foi você?



– Foi.- ele respondeu divertido.



– Você sabe que eu tenho pavor de chiclete por causa disso? Minha mãe teve que cortar meu cabelo!- falei com uma falsa indignação.




– Você não olhava pra mim, eu tinha que tomar atitudes drásticas.



– Eu não brincava com você? Mas que menina antipática que eu era.



– É, espero que isso não se repita.





– Bom, se isso se repetir, espero que você me fale antes e não cole chiclete no meu cabelo.



– Vou tentar me lembrar disso. – ele  disse rindo, me fazendo dar um tapa em seu ombro.



– Me conta outra.- pedi. Embry conseguia fazer minha tristeza se afastar por em quanto. Mas eu sabia que era só eu ficar sozinha que ela voltaria com tudo.




– Não.



–São tão ruins assim? Eu fui muito má com você?




– Má não, indiferente só.



– Indiferente?



– É, você só tinha olhos pro Jake. – ele disse e depois sorriu.





Eu não tinha palavras, não tinha como retrucar aquilo. Estava certo. Eu nunca olhei pra nenhum garoto, minha vida toda eu só via Jacob na minha frente.



– Me desculpe por isso!- falei abaixando os olhos e olhando para os meus pés.




– Só se você me prometer não me ignorar mais.



– Prometo.



– Então tá desculpada. Vamos? Seu pai deve estar preocupado.




– Vamos. - nos levantamos e Embry passou seu braço pelos meus ombros. Era bom estar ali perto dele. Ele me fazia sentir bem.



Capítulo 3






A festa foi até tarde e eu acabei capotando na cama assim que tirei a roupa e coloquei uma boxer preta e uma baby look branca. Não tinha vontade de procurar um pijama. Até que foi bom, eu praticamente ter desmaiado, assim não pude sentir os efeitos que a minha desilusão me traria.




Acordei com um cheiro forte de queimado invadindo o meu quarto. Me levantei em um pulo e desci as escadas correndo.




– Outch! Droga! - cheguei a tempo de ver John colocando uma frigideira com alguma coisa carbonizada dentro que em outra época deveria ter sido comestível, em baixo da água da torneira da pia.



– Pai?



– Ah! Bom dia, filha!



– Bom dia! O que o Sr está fazendo? Além de tentar colocar fogo na casa, lógico. – falei divertida.




– Omeletes. Quer?




– Pode deixar que eu faço, pai. A partir de hoje deixa isso comigo.



– Ótimo! – ele disse sorrindo e me dando um beijo na testa.



– O que você está pensando em fazer hoje?- John me perguntou enquanto tomávamos o nosso café da manhã.




– Não sei pai. Mas primeiro vou ligar pra mamãe, antes que ela surte.




– Vai ligar agora?



– Não sei. Que horas são?



– São 7:30 am.




– Credo! Não me lembro de ter acordado tão cedo em um domingo. Bom, lá deve ser 1:30pm, então... sim, vou ligar agora.- não entendi o porque meu pai queria que eu ligasse agora, mas..




Alô



– Mãe?



Filha!! Porque não me ligou ontem?




- Mãe, as ligações são caras, lembra? Mas estou ligando agora. Como vocês estão?



Nós estamos bem. E você? Como foi a viagem? Como você está se sentindo? Seu pai está cuidando bem de você?



– Calma, mãe! Quanta pergunta! Mas eu estou bem. A viagem foi cansativa mas tranquila. E meu pai está sendo maravilhoso comigo.




 Como está La Push?




– Igual. Acho.



E Jacob?- sabia que minha mãe ia perguntar.





– Não sei mãe. Ainda não tive o prazer de revê–lo.



 Ué. Mas ele não sabia que você chegaria ontem?




–Mãe eu tenho que desligar, ok




 Ok filha, só quero te dizer mais uma coisa. Carlos já mandou suas coisas pela transportadora, deve chegar em uns cinco dias.



-Minhas coisas! Minha bebê também?




 Sim, por mais que eu ache uma estupidez, mas foi presente dele, né?




– Manda um beijo pro Carlos por mim!- Carlos era o novo marido da minha mãe, e ele que tinha me dado minha bebê.



 Ok filha! Filha, só quero que você saiba que te amo muito, não importa o que acontecer.




–Não entendi essa, mãe? Acontecer o que?



 Qualquer coisa, filha. Te amo viu?




–Ok mãe, também te amo.- que estranho– Tchau.



 Tchau




Fiquei olhando para o telefone. Que papo estranho. Mas minha bebê estava chegando!




Toda a conversa meu pai estava sentado na cadeira da mesa da cozinha, distraidamente lendo seu jornal, mas eu tinha certeza que a intenção era ouvir o que minha mãe iria me dizer.




– Pronto pai, já telefonei, agora o Sr pode ir pescar.



– Mas eu só estava lendo meu jornal!



– Aham! Acredito!




– Ok você me pegou! Como está sua mãe?



– Bem! Meio estranha, mas bem. E ela já enviou as minhas coisas e a minha bebê também!- Festejei



– Bebê?- ele perguntou confuso.




–É pai, é minha bebê, espero que o Sr não implique com ela. Bom vou me arrumar. Boa pescaria pai!




– Obrigada, filha.




Subi as escadas de dois em dois.



Já fazia horas que meu pai havia saído para pescar. Meu pai era aposentado e tinha uma pequena loja de equipamentos de pesca no enorme centro comercial de La Push. Eu iria trabalhar lá. Já que nós estávamos em maio, e o ano letivo terminaria em junho. Como no Brasil eu já tinha começado o terceiro ano em fevereiro, eu teria que começar de novo em setembro, no início do ano letivo americano.



Eu estava olhando desanimada pela janela do meu quarto. Minha intenção era ir à praia, mas estava, adivinhem? Chovendo. Novidade, né? E então eu estava pensando em quem? Jacob é claro. Será que eu teria a sorte de viver em la Push e nunca ver Jacob? Era impossível, eu sei. Se Forks já era minúscula, imagine La Push. Como era estranha minha vida, passei nove anos morando em outro país, rezando por um dia poder ver Jacob, e agora que nós morávamos na mesma reserva, eu queria poder não vê–lo nunca. Pois eu não sabia como iria conseguir falar com ele, sorrir pra ele, com meu coração despedaçado do jeito que estava.




Peguei meu violão e comecei a dedilhar as cordas. Uma musica francesa que eu gosto muito, veio na minha cabeça e eu comecei a tocá-la e a cantar no meu precário francês.



https://www.youtube.com/watch?v=DAZE4q0r_60





Eu já estava no fim da musica quando senti meu celular vibrando em cima da cômoda. Ué, eu não tive tempo de dar esse número pra ninguém, só John sabe.  Olhei o visor e não reconheci o número.






– Hello



Quem fala?- Não reconheci a voz do garoto do outro lado da linha e detestava essas pessoas que ligam e não se identificam.




– Quem é?



?



– Pode ser. Quem é?- perguntei impaciente. O garoto do outro lado riu.



Você está em casa?





– Olha cara, se você não se identificar eu vou desligar.



Não faça isso.



– Então se identifique.




Vai dizer que não reconhece minha voz? – olhei de novo o numero do visor, era de Forks.



– Embry?- perguntei desconfiada, mas não me parecia a voz de Embry.



Não, não é o Embry. - O garoto pareceu aborrecido. - Quer dizer que o Embry já andou colocando as garras pra fora.




-Quem te deu esse número?- agora eu estava curiosa.




Alguém que te ama muito.



– Não tem mais nada pra fazer, não? Vai te fu..



Hey, A Lilian não te deu educação não? –como ele sabia o nome da minha mãe?



– Olha, é a última chance que te dou. Vai dizer quem é ou não?



Poxa, depois de tanto tempo é assim que eu sou tratado. - o garoto se queixou do outro lado.






Não podia ser, mas e se fosse? Meu coração acelerou e eu sentei na minha cama, só que errei o espaço e acabei caindo no chão.




? Que barulho foi esse?



– Na–nada.- respirei fundo me levantando e sentando na cama com cuidado.- Jacob?



Rá finalmente! Achei que não se lembrava mais de mim – eu não pude evitar o sorriso enorme que surgiu no meu rosto.



– Você continua um bobo, Jacob!



E você se tornou uma boca–suja, . A onde se viu tratar assim uma pessoa por telefone?




–Eu não sabia que era você, se não tinha tratado pior. - eu ri.



É, acho que mereço isso –  de repente o meu sorriso morreu. Não ele não merecia.



– Não Jacob, eu estava brincando.



 Então porque não para de me chamar de Jacob? Daqui a pouco tá me chamando de Black. - eu ri.



– Ok Jake!






Mas você não me respondeu. Você está em casa, ? - ouvir meu nome na voz dele era tão bom.



– Sim estou em casa.



Então estou indo ai. Quero me desculpar pessoalmente por ontem.



– Aqui?- falei surpresa. Eu ainda não estava pronta pra ver Jacob.



Por quê? Vai dizer que já tá acompanhada?- ele parecia irritado – Não porque eu sei que teu pai foi pescar, ele passou aqui em casa pra pegar o velho. - Ah, então foi assim que ele conseguiu meu número? John seu traidor, você me paga.







– Não Jake, eu estou sozinha, mas não acho que seja uma boa.



Por quê?



–Porque eu acabei de acordar e não me arrumei ainda e...



Ah , para de frescura, estou passando ai em dois minutos e tchau!



– O QUE?- berrei, mas ele já havia desligado. Fiquei encarando o celular na minha mão. Ele era louco ou o que? Eu ainda estava com a mesma pouca roupa, meus cabelos estavam amarrados em um rabo–de–cavalo mal feito. MEU DEUS, DOIS MINUTOS!



Estava com a mesma boxer e baby look branca, quando ouvi um barulho no meu quarto. Prendi meu cabelo como estava mesmo.




–What the fuck?– abri a porta do quarto e dei de cara com um garoto moreno enorme, pendurado na minha janela. Ele sorriu e isso fez com que meu coração falhasse uma batida. – Jake?- ele sorriu mais ainda e parecia que o sol estava entrando pela minha janela, mesmo com toda aquela chuva do lado de fora.



Seus cabelos negros ainda pingavam. Ele estava só com uma bermuda e tênis, sem camisa. SEM CAMISA! Era muito mais forte que os outros garotos, seu abdômen totalmente definido, naquela pele morena e os músculos dos braços ainda estavam mais marcados pelo esforço de se segurar na janela. Ele ainda estava meio pendurado e eu devia estar demorando muito na babação porque ele começou a ficar impaciente.



– Vai me convidar pra entrar ou eu vou ficar aqui pendurado?- ele me perguntou divertido.



Eu ainda levei um segundo a mais para me lembrar de como falar. Vai , responde! Mas o que ele disse mesmo?



– Entra! – entra? Fala alguma coisa sua imbecil. Jacob está praticamente semi–nu na sua frente!- Mas você praticamente já entrou não foi? – eu ri, mas por dentro ainda estava abalada.




Ele deu um salto elegante, parando na minha frente sem fazer nenhum barulho. Com o mesmo sorriso que irradiava calor. Jacob passou as mãos pela minha cintura me puxando para um abraço de urso.




– Que saudade baixinha!- Jacob me levantou do chão tão facilmente como se eu não pesasse nada. E eu me afundei em seu abraço quente, muito mais quente que meu corpo febril. Pude perceber em como eu parecia extremamente branca em contato com a sua pele. Contra minha vontade ele se afastou um pouco para olhar meu rosto. – Como você está grande, !- ele disse sorrindo.



Grande? Será que ele estava me chamando de GORDA?



– Olha quem fala!- respondi me afastando mais dele, fazendo bico. Visivelmente magoada. – Ótimo Jacob, depois de tanto tempo, a primeira coisa que você me diz é que estou gorda!



Ele deu uma gargalhada alta que pareceu tremer a casa.



– Você continua a mesma boba de sempre. – disse me puxando pra ele, mas eu ainda estava de braços cruzados.- Eu não disse que você estava gorda, eu disse que você cresceu. Afinal você era uma garotinha magricela.- ele deu uma risada.- E agora... – ele me olhou dos pés a cabeça e foi só ai que eu me lembrei que estava com uma roupa curta demais, me deixando corada no mesmo instante.



– E agora o que Jacob? – perguntei sem conseguir olhar pra ele, tamanha a minha vergonha.






– Você não tem espelho em casa não?- ele disse levantando meu rosto. – Mas e ai me conta do Brasil. Como é o cara que você me trocou?- Jacob deu um passo pra trás e se sentou na minha cama pegando a minha mão.




Eu ainda estava tentando me controlar. Estar tão perto de Jake, depois desses anos todos, tinha que exigir um esforço extra da minha parte. E agora que ele estava sentado eu pude analisar melhor seu rosto. Na verdade Jacob só havia crescido de tamanho, o rosto de menino continuava ali, e o sorriso também. Mas seus olhos não eram tão felizes como eu me lembrava. Ele parecia cansado.



– O Brasil era legal. – falei sem me aprofundar muito no assunto, o que fez ele torcer o lábio em desaprovação. Mas eu estava preocupada demais com ele, para falar de mim. - Você está bem, Jake?



Jacob soltou um grande suspiro e fechou os olhos. Me puxou mais pra perto encostando sua cabeça no meu peito. Sem nem pensar minhas mãos foram para os seus cabelos negros.



– Estou.- ele respondeu desanimado.



– Você sabe que pode me contar tudo, não é Jake? – ele assentiu.- Fala! Quem é a garota? – Isso , te machuca mais. Desde quando você virou masoquista?




– Deixa pra lá!- ele respondeu.





– Jake!- reclamei indo pra trás para ver seus olhos – Eu voltei e vou sempre estar ao seu lado.



– Que bom! Senti falta da minha melhor amiga! – Melhor amiga!!! Fechei os olhos com força quando a dor me atingiu com tudo.



– Você a ama muito não é? –  Que tipo de pergunta é essa, idiota? Pra que se machucar desse jeito? Mas eu tinha que ter certeza de que não tinha chances.



– Sim, muito!- Cerrei os dentes para evitar o grito e engoli as lágrimas. A dor era tanta que parecia que uma faca estava sendo cravada em meu peito. - Mas não quero te chatear com meus problemas agora, . – Jacob se moveu na cama até se deitar por completo. - Vem! – ele me disse abrindo os braços. Mas eu não sabia se era capaz de me controlar deitada com Jacob na minha cama. - Que foi?- ele perguntou quando viu minha relutância. - Não é a primeira vez que nós deitamos juntos.- disse com um sorriso malicioso no rosto.



Rolei os olhos. - Nós éramos crianças, Jake! E você não era tão... e




– Tão o que? – ele perguntou divertido.




Tão lindo e gostoso, amor da minha vida. –Tão grande! Você ocupa quase toda a minha cama!- disfarcei.




– Para de besteira e vem logo. - ele me puxou e eu me sentei apoiando as costas na cabeceira. Jacob se aproximou mais e deitou a cabeça na minha barriga. Meus dedos foram novamente para o seus cabelos, eles eram curtos, mas não tanto como o dos outros garotos.




– Carente Jake?



– Aham!- ele se ajeitou mais. Eu estava totalmente embriagada com o cheiro dele, a quentura da sua pele na minha. Senti Jacob relaxar e adormecer, enquanto eu alisava seus cabelos com as pontas dos meus dedos. Como eu amo esse garoto! As lágrimas agora vinham sem freio, eu não tinha mais força para pará-las.



Comecei a analisar Jacob, seu rosto ainda infantil apesar de já ter as linhas mais duras, seus cílios cheios, sua boca bem desenhada. Desci os olhos pelo seu pescoço, alinha das suas costas largas com os músculos bem desenvolvidos. Resolvi parar quando meus olhos chegaram ao cós de sua bermuda, seria demais para o meu autocontrole. Voltei meus olhos para o seu braço que envolvia minha barriga. Jacob tinha uma tatuagem no ombro igual à de Embry e dos outros garotos. Seria moda em La Push? Aquele símbolo me era conhecido mas não me recordava de onde.



Um som conhecido ecoou do lado de fora da casa. Era o chamado que as crianças Quileutes usam para anunciar sua chegada. Sequei as lagrimas.